sexta-feira, 17 de junho de 2011

Entrevista com Secretário de Assuntos Indígenas

Ivânio Alencar Secretário de Assuntos Indígenas

Jacaré em Foco – Como encontra-se o projeto Minha Casa Minha Vida Rural?

Ivânio Alencar - Em pleno desenvolvimento e em fase de documentação preliminar, fizemos gestões com as instituições responsáveis pelo financiamento do Projeto, pode-se dizer que dependendo da ação da prefeitura nosso município irá ser contemplado. Não temos pendencias documentais, o município está adimplente com suas obrigações e pronto pra receber e celebrar convênios e tudo está sendo desenvolvido por etapas conforme exige o Programa.  Jacareacanga é o único município brasileiro que buscou o Programa Minha Casa, Minha Vida/Rural- MCMVR com o fim de beneficiar a população indígena. Qualquer pessoa pode acessar o site do MCMVR e confirmar essa informação.

Jacaré em Foco - Quais projetos em ação que visam o incentivo à produção e geração de renda do povo Munduruku?

Ivânio Alencar - Não respondo por projetos da pasta de agricultura, mas atinente a pasta de assuntos indígenas, temos o foco principalmente na identificação cultural do indígena, seria imprudente incentivarmos à produção indígena com uma prática que vá de encontro aos costumes desse povo. Então baseados na tradicional cultura verticalizada da mandioca, prática que faz parte da convivência socioeconômica desse povo, desenvolvemos um projeto que é a fabricação de farinha e o aproveitamento dos subprodutos com qualidade para a prática de comércio como tucupi, tapioca e uma farinha de qualidade para competir no mercado.  A Secretaria de Agricultura buscou parcerias e lideranças em várias aldeias foram capacitadas para fazerem uma farinha de qualidade. O excedente desta produção será vendido no mercado local e regional, gerando assim, uma fonte de renda às famílias do povo Munduruku.

Jacaré em Foco - Quais os projetos em andamento

Ivânio Alencar - Além do PMCMVR que é um projeto considerável e que irá proporcionar moradias dignas para várias famílias indígenas, principalmente substituindo as moradias temporárias, patrocinará a melhoria da qualidade de vida das famílias Mundurukus. O objetivo do governo municipal é executar políticas públicas que ajudem a melhorar a vida do povo indígena local. Aquela velha prática de que o indígena é um coitado é coisa do passado. O indígena tem capacidade de produzir é preciso ter incentivo e apoio. O governo municipal não quer o índio em uma redoma para causar pena ou admiração como outras instituições que tem por aí, e sim que as políticas públicas atinjam as necessidades.  Pra você ter uma idéia, a Secretaria de Trabalho e Promoção Social, vem executando uma agenda de visitas às comunidades indígenas  para levar o apoio social, como por exemplo o cadastramento do Programa Bolsa Família, a Secretaria de Agricultura vem dando suporte técnico para produção do café, como é o caso da aldeia Jacarezinho.  Nosso desejo é de sepultar de vez a prática ilícita que deixava o índio em Jacareacanga refém de políticos que queriam construir massa de manobra em cima dos indígenas. Não é fácil quebrar um modelo, que se alicerçou entre os indígenas por 12 anos.

Jacaré em Foco -  O artesanato indígena pode ser uma opção na geração de renda do povo Munduruku?

Ivânio Alencar - Veja bem, quando o Governo Raulien Queiroz foi instituído, saímos em busca de parceiros, principalmente a Funai, para planejarmos ações relacionadas a economia tribal. O prefeito Raulien Queiroz que é funcionário de carreira da Funai, e por várias ocasiões administrou o órgão, em Itaituba, São Luiz, Marabá e Belém, deu-nos sempre convicção de que poderíamos ter bons parceiros já que ele o prefeito, estendeu esse apoio  e sinalizou favorável a buscarmos parcerias com o governo federal. A Funasa não veio e  a Funai recuou. Sobre o artesanato seria algo interessante para praticarem o comércio, temos estimulados a confecção de artesanatos, porém, não é uma atividade tão lucrativa do ponto de vista comercial, já que não existe considerável demanda para venda.
Jacaré em Foco - Quais os projetos arrojados em desenvolvimento?
Ivânio Alencar - As casas do Programa MCMVR são o grande incentivo, bem como a construção de estruturas para as casas de farinha, são projetos que ajudarão a mudar para melhor a vida dos índios. Queremos os índios praticando o excedente, ou seja, fazendo comércio da farinha, e subprodutos para saírem definitivamente do assédio político de pessoas que não querem ver os índios independentes, gerando sua própria renda.

Jacaré em Foco - Como será feita a seleção das casas do programa MCMVR e casas de farinha?

Ivânio Alencar - Obedecendo a critérios de ordem social e econômica, não se pode destinar um módulo residencial ou casa de farinha para aquele que pode comprar, temos funcionários indígenas que podem comprar materiais para uma casa, um forno e etc. Não podemos privilegiar caciques ou ter apadrinhamento político, vamos obedecer a critérios de real necessidade social, sem, no entanto, deixar de consultar a base da aldeia para avaliar a idéia de distribuição. Temos comunidades indígenas que sequer existem a mínima estrutura para a fabricação da farinha, uma vez que o forno é caro e demais estruturas que não somente depende do esforço do indígena.

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